sábado, 24 de setembro de 2011

Trabalhando História da Arte

Um assunto bastante complexo dentro das aulas de arte é a História da Arte. É uma área do conhecimento bastante abrangente, sendo que em grande parte parte da Europa e da América do Norte há cursos de graduação inteiramente dedicados ao assunto. Isso não só significa trabalhar com artistas consagrados, mas com artistas menores e muitos artistas medíocres. que, afinal de contas, representam bem um período(A pintura acima, por exemplo, é de Alexandre Cabanel, que foi professor de Renoir e do nosso Almeida Jr e um dos artistas mais valorizados do final do Século XIX). Uma aula de história da Arte com todos os mais conhecidos artistas do Barroco Holandês, incluindo não só Rembrandt e Vermeer, mas Wilhelm Kalf, os Ruysdael, por exemplo, entre vários outros, soaria cansativa para alunos do Ensino Fundamental e Médio.
Considerando também que isso deveria ser encaixado no meio do espaço de geralmente duas aulas, competindo com conteúdos diversos, uma abordagem cronológica soa incompleta, superficial e cansativa. (Ainda mais que numa área que as abordagens sofrem diversas alterações, muitos professores se prendem à abordagens de vinte, quarenta anos atrás). Muito de nós não notamos isso justamente porque a forma que nos foi apresentada História da Arte na faculdade geralmente está bem longe do ideal.
Pincelar movimentos e artistas específicos e conseguir integrar parte deste conteúdo às matérias de História e Português é o ideal(Embora, por mais que se fale em interdisciplinaridade, é difícil saber se seu colega de Português vai trabalhar Barroco na Literatura ou se seu colega de História vai trabalhar Antigo Egito). Mas trabalhar de forma cronológica e ampla é pouco produtivo.
Outro campo perigoso é o da contextualização com o fazer artístico. Querendo ou não, uma das razões que explicam porque um quadro vale milhões de dólares e porque determinado artista é considerado um gênio, bem, é que há conceitos complexos por trás de cada obra e a contextualização pode fazer com que esses conceitos pareçam simples.
Por exemplo, uma simulação mais ou menos próxima das técnicas do impressionismo significaria pintura ao ar livre sem uso do preto para fazer sombras representando as luzes com o máximo de naturalidade, sem trabalhar com esboços ou qualquer tipo de desenho. O problema é que muitos contextualizam esse tipo de pintura como pintura borrada, o que é bastante distante da realidade. Ou ainda o hábito de fazer bandeirinhas com quadros de Volpi, que vai contra a própria definição dele para arte(Ele dizia que não pintava bandeirinhas). Isso pode reforçar preconceitos ou ainda fazer com que os alunos criem rejeição aos artistas após cansativas sessões de releitura de determinada obra. Não há necessidade de se contextualizar todo tipo de atividade relacionada a desenho com algum período histórico, assim como não há necessidade de se colocar atividades relacionadas a desenho e pintura toda vez que se trabalhar com História da Arte.
É preciso sim, quebrar a tríade “História da Arte, Contextualizar e fazer” da proposta de Ana Mae Barbosa sempre que necessário. Na verdade, ela é muito mais perigosa que parece.

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